“Muitos pais são forçados a experimentar que, apesar do amor que dão a seus filhos, estes não se desenvolvem como eles esperavam.São forçados a ver seus filhos adoecerem, se drogarem ou suicidarem, apesar de todo o amor que lhes dão. Para que o amor dê certo, é preciso que exista alguma outra coisa ao lado dele. É necessário que haja o conhecimento e o reconhecimento de uma ordem oculta do amor.”
(Bert Hellinger)
Há forças sistêmicas que regem o amor nos relacionamentos íntimos que são invisíveis a olho nu – só sentimos seus efeitos, em forma de conflitos, doenças, maldições, repetições de destinos, etc. Precisamos ampliar nossos poderes de percepção a fim de estudar essas forças e as Constelações Familiares são instrumentos que tornam visíveis as dinâmicas normalmente ocultas dos sistemas de relacionamento.
Segundo Hellinger, criador da técnica das Constelações Familiares, em vez de ter uma alma, participamos de uma alma. Isto nos ajuda a compreender o que acontece numa família, ou seja, que a mesma tem uma consciência comum que em grande parte é inconsciente e que pode ser observada pelos efeitos que tem sobre todos os membros da família.
Existem ordens preestabelecidas para o amor nas relações humanas. No grupo familiar existe uma necessidade de vínculo e de compensação, partilhada por todos, que não tolera a exclusão de nenhum membro. Quando ela ocorre, o destino dos excluídos é inconscientemente assumido e continuado por membros subsequentes da família.
Algumas idéias básicas sobre o desenvolvimento da abordagem de Bert Hellinger:
Em julho de 1999 Bert Hellinger descreveu em tópicos a sua abordagem e seu respectivo desenvolvimento.
1. A ideia de Eric Berne de que existem scripts pessoais segundo os quais uma pessoa organiza inconscientemente a sua vida teve um papel muito importante para mim. Berne acreditava que isso vinha das instruções recebidas dos pais na infância. Eu vi que isto tem a ver com emaranhamentos nos destinos de outros membros da família, frequentemente em uma ou duas gerações anteriores.
2. Já durante o meu trabalho prático de muitos anos com a terapia primal pude observar que muitos sentimentos, também os violentos, nada tinham a ver com a vivência pessoal. Tornou-se evidente para mim que são sentimentos frequentemente assumidos através de uma identificação com uma outra pessoa.
3. Além disso, vivenciei sempre que a consciência que sentimos tem funções que conservam o sistema. Trata-se, em especial, do vínculo ao grupo, da regulamentação do intercâmbio através da necessidade de equiparação entre o dar e o receber, das vantagens e perdas e a imposição das normas do grupo.
4. Mais ainda. Existe uma consciência inconsciente que liga os membros de um sistema e impõe dentro dele as seguintes ordens ou leis:
- Cada membro da família e estirpe tem o mesmo direito de pertinência, também os que faleceram precocemente ou os natimortos, assim como os deficientes e os maus.
- A perda de um membro através da exclusão ou esquecimento será compensada por um outro membro da família. Freqüentemente em uma geração posterior este representa ou imita inconscientemente aquele que foi excluído ou esquecido.
- Vantagens às custas de outrem serão compensadas muitas vezes somente em uma geração posterior.
- Os membros anteriores têm precedência sobre os posteriores . Por isso quando um membro posterior se eleva sobre um anterior ele paga muitas vezes através do fracasso ou queda.
5. Finalmente, existem muitas indicações que os mortos atuam sobre os vivos, ou de um modo maléfico, se são excluídos ou temidos, ou de modo benéfico, se são chorados, honrados e depois deixados em paz.
Ao estabelecer uma constelação familiar, o participante escolhe outros integrantes do grupo para representar os membros de sua família, colocando-os no recinto de modo que as posições relativas de cada um reproduzam as da família verdadeira. Os representantes passam a ser modelos vivos do sistema original de relações familiares. O mais incrível é que, se a pessoa coloca a sua “família” com toda autenticidade, os representantes passam a sentir e a pensar de modo muito parecido com o dos membros verdadeiros, sem conhecimento prévio.
O objetivo deste trabalho é corrigir algo que está fora de ordem. É levar os participantes a compreenderem que todos os membros de uma família, vivos ou mortos, estão energeticamente presentes na estrutura familiar, influenciando profundamente sentimentos, saúde, assertividade na vida, produtividade no trabalho e, consequentemente a qualidade de vida.