Thu, 31 Mar 2016 11:48:23 +0000
A sensibilidade e a realização do amor
O exemplo mais evidente que posso citar de sensibilidade e de realização do amor verdadeiro e incondicional é o amor materno. A mãe percebe tudo o que acontece com o seu filho, as primeiras mudanças no corpo, as exigências, as ansiedades, antes mesmo que se expressem claramente. Desperta por causa do choro do filho, quando outro som, muito mais alto, não a acordaria. Ela é capaz de renunciar à própria vida em nome desse amor.
Tudo isto significa que ela é sensível às manifestações da vida do filho. Ela não está ansiosa nem preocupada, mas em estado de alerta, receptiva a qualquer comunicação significativa que venha dele.
Do mesmo modo, podemos ser sensíveis a nós mesmos, e isso acontece quando passamos a nos conhecer profundamente, as nossas fraquezas, as nossas fragilidades, as nossas virtudes. Tendo a sensibilidade de sabermos quem somos e como somos, nos tornaremos fortes na nossa caminhada. Uma vez conscientes de nós mesmos, perceberemos facilmente quando a depressão quiser se instalar, por exemplo. Porém, em face desse autoconhecimento, teremos forças para não ceder a muitos males.
Quando estamos abertos à nossa voz interior, abrimos um canal para ela se manifestar e agir em nosso favor. Ela certamente nos dirá os motivos da nossa ansiedade, da nossa depressão e da nossa irritação. E ainda nos ajudará a suportá-los e superá-los.
As pessoas, em geral, têm muita sensibilidade ao seu processo de mudanças físicas. Elas notam as transformações, mesmo quando não são perceptíveis a quem está próximo. A mesma sensibilidade para as transformações da mente não é tão fácil quanto a percepção física, pois a mente é enganadora, ela nos manipula, e se não tivermos forças para não ceder às suas artimanhas, cairemos. Por isso, nunca podemos negligenciar o nosso amor próprio, o amor fraterno e o amor de Deus, pois serão eles que vão nos salvar.
Tomar como regra o funcionamento normal do seu corpo, dos seus pensamentos, dos seus erros e acertos, analisando também o próximo, vai deixar você viver com mais sensibilidade. Quando se controla o nascimento dos pensamentos, temos a sensação de que ali, também nasce uma outra pessoa.
Quando transmitimos conhecimentos sem sensibilidade, sem concentração, estaremos perdendo um ensinamento, que é o mais importante para o desenvolvimento do ser humano. Falo da arte de nos doarmos, e com isso, sentir que a vida deve ser vivida em toda a sua plenitude, sendo aproveitados todos os momentos bons ou ruins, para, assim, tirarmos as nossas lições.
A sensibilidade traz o amor, que traz a alegria, que traz a esperança, que traz a vida, que traz a espiritualidade, que traz a energia Divina, que traz o equilíbrio, que traz a intuição, que traz a sensibilidade.
A sensibilidade e o amor me fizeram lembrar um poema:
Quem nada conhece, nada ama.
Quem nada pode fazer, nada compreende.
Quem nada compreende, nada vale.
Mas quem compreende, também ama, observa, sente e vê…
Quanto mais conhecimento houver essencialmente numa coisa, tanto maior o amor…
Aquele que imagina que todos os frutos amadurecem ao mesmo tempo,
como as cerejas…
Nada sabe a respeito das uvas…
Autor: Bernardino Nilton Nascimento